sexta-feira, 15 de junho de 2012

Supervalorização de objetos religiosos


Nesta questão, supervalorizar não é positivo, é negativo, o certo seria dizer: desvalorizar.


            O uso inadequado, incorreto ou “mágico” de medalhas e outras coisas, abençoadas, longe de dar proveito espiritual ao usuário, reforça sua ignorância na vivência da fé e nas relações de amor a Deus. Desvaloriza a motivação religiosa doutrinária exigida pra um uso verdadeiramente cristão. Freia o que progresso na fé. É supervalorização negativa atribuir um valor exagerado a objetos e coisas imaginando defender-se de má-sorte, de malefícios ou para acreditarem em amuletos, talismãs, feitiços, mandingas e correlatos. Além de superstição, há nisso uma espécie de idolatria, ou seja, vê poder divino em coisas fabricadas pelo homem.
            Na visão religiosa cristã, a fé nunca pode ser cega, irracional e alienada. É alienação entregar seu destino e opções pessoais a objetos, práticas e símbolos religiosos como se tivessem por si poderes divinos. Pior ainda é valer-se de tarôs, búzios, horóscopos, crendices, etc.
            Está em moda difundir o fenômeno religioso em forma de mercadoria e oferecer soluções mágicas para os problemas e angústias humanas! Ao contrário, a fé cristã ilumina a consciência da responsabilidade pessoal perante todas as situações da vida. A Criação divina nos marcou com o dom da liberdade e nos fez superiores às forças naturais. O livre-arbítrio é privilégio de cada indivíduo responsável. Não somos prisioneiros de nenhum destino. Não estamos sujeitos a supostos “espíritos” ou sob o poder magnético, energético, místico de ninguém nem de nada, seja magia, fetichismo, ritualismo, fatalismo, força cósmico, aura etc.
            É preciso libertar-se das formas mágicas de relacionar-se com a realidade, o mundo, a cultura religiosa popular. Resistir ao modismo e ao culto às aparências que seduzem os jovens no convívio social: tatuagens, modas grifes e afastamentos da Igreja.
            A publicidade campeia pesada e entra em área religiosa também. A simbologia religiosa de objetos é cultura universal. Reflete a tendência profunda do ser humano em busca do transcendente. Mas superstições e interesses de traços culturais e comportamentais alienantes. Desvirtuam os valores do Evangelho buscando em objetos religiosos proteção e defesa contra perseguições e males (físicos e morais). A espiritualidade é estéril se lhe falta o senso de pertença à Igreja, se desvincula da fé e vida concreta, se coloca mais devoção em símbolos dos santos e dos anjos protetores do que confiança no ensino do Evangelho.
            De fato, os objetos religiosos abençoados não são necessários para nos ligarmos a Deus. São secundários. Podem ajudar, se usados com respeito e boa formação cristã. Esse é um amadurecimento exigido como questão de fé!


 Pe. Antônio Clayton Sant’Anna, C.Ss.R.
Artigo publicado na Revista de Aparecida,  ano 11, nº 123, junho de 2012.

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