terça-feira, 24 de setembro de 2013

Papa Francisco e suas entrevistas: são tantas emoções!

Na última semana se multiplicaram as manchetes nas TVs e Jornais, repercutindo as declarações do Papa Francisco acerca da união homossexual, aborto e uso de contraceptivos. E olha nóis aqui de novo explicando qual foi a do telefone sem fio…
Estaria o Papa relativizando a doutrina católica? Não!!! Como um bom filho da Igreja, o Papa continua defendendo com vigor a Sã Doutrina.
  • Em discurso aos médicos católicos, no dia 20/09/2013, Francisco defendeu a vida das crianças não-nascidas.
  • Em 2010, bateu de frente com a presidente Cristina Kirshner por ser contra a adoção de crianças por duplas gays.
  • Em maio deste ano, Francisco criticou os casais católicos que optam por ter apenas um filho, em nome de uma vida mais confortável.
Como vemos, temos um Papa… CATÓLICO!
papa_ortodoxo
As primeiras páginas dos jornais estampavam: “Em entrevista, Pontífice diz que Igreja está obcecada com aborto, casamento homossexual e contracepção”.  Os católicos entraram em negação.  Diziam que ele não tinha dito isso e que tudo seria conspiração da mídia contra a Igreja etc. As coisas de sempre.  Desta vez, todos os lados estavam certos.  Ele disse isso mesmo, porém, tudo foi colocado fora do contexto, para parecer que o Papa estava desautorizando a nossa eterna luta contra a cultura de morte instalada na sociedade.  É óbvio que não era isso… muito pelo contrário!  Mas que o Papa deixou a bola quicando, deixou…
As matérias que vimos na mídia vieram de uma entrevista que Francisco concedeu a revista jesuíta “Civiltà Cattolica”, na qual fala de muitas coisas interessantes. Entre elas, o trecho a seguir:
Devemos anunciar o Evangelho em todos os caminhos, pregando a boa nova do Reino e curando, também com a nossa pregação, todo o tipo de doença e de ferida. Em Buenos Aires recebia cartas de pessoas homossexuais, que são “feridos sociais”, porque me dizem que sentem como a Igreja sempre os condenou. Mas a Igreja não quer fazer isto. Durante o voo de regresso do Rio de Janeiro disse que se uma pessoa homossexual é de boa vontade e está à procura de Deus, eu não sou ninguém para julgá-la. Dizendo isso, eu disse aquilo que diz o Catecismo. A religião tem o direito de exprimir a própria opinião para serviço das pessoas, mas Deus, na criação, tornou-nos livres: a ingerência espiritual na vida pessoal não é possível. Uma vez uma pessoa, de modo provocatório, perguntou-me se aprovava a homossexualidade. Eu, então, respondi-lhe com uma outra pergunta: “Diz-me: Deus, quando olha para uma pessoa homossexual, aprova a sua existência com afecto ou rejeita-a, condenando-a?” É necessário sempre considerar a pessoa. Aqui entramos no mistério do homem. Na vida, Deus acompanha as pessoas e nós devemos acompanhá-las a partir da sua condição. É preciso acompanhar com misericórdia. Quando isto acontece, o Espírito Santo inspira o sacerdote a dizer a coisa mais apropriada.
Esta é também a grandeza da confissão: o facto de avaliar caso a caso e de poder discernir qual é a melhor coisa a fazer por uma pessoa que procura Deus e a sua graça. O confessionário não é uma sala de tortura, mas lugar de misericórdia, no qual o Senhor nos estimula a fazer o melhor que pudermos. Penso também na situação de uma mulher que carregou consigo um matrimónio fracassado, no qual chegou a abortar. Depois esta mulher voltou a casar e agora está serena, com cinco filhos. O aborto pesa-lhe muito e está sinceramente arrependida. Gostaria de avançar na vida cristã. O que faz o confessor?
Não podemos insistir somente sobre questões ligadas ao aborto, ao casamento homossexual e uso dos métodos contraceptivos. Isto não é possível. Eu não falei muito destas coisas e censuraram-me por isso. Mas quando se fala disto, é necessário falar num contexto. De resto, o parecer da Igreja é conhecido e eu sou filho da Igreja, mas não é necessário falar disso continuamente.
Os ensinamentos, tanto dogmáticos como morais, não são todos equivalentes. Uma pastoral missionária não está obcecada pela transmissão desarticulada de uma multiplicidade de doutrinas a impor insistentemente. O anúncio de carácter missionário concentra-se no essencial, no necessário, que é também aquilo que mais apaixona e atrai, aquilo que faz arder o coração, como aos discípulos de Emaús. Devemos, pois, encontrar um novo equilíbrio; de outro modo, mesmo o edifício moral da Igreja corre o risco de cair como um castelo de cartas, de perder a frescura e o perfume do Evangelho. A proposta evangélica deve ser mais simples, profunda, irradiante. É desta proposta que vêm depois as consequências morais”



Marquei as partes “bombásticas” em vermelho.  Este trecho pertence a uma seção da entrevista chamada “Igreja, hospital de campanha?”. Francisco fala sobre atuação pastoral, com foco na misericórdia e ajuda aos mais necessitados.  É uma reflexão belíssima sobre o valor do acolhimento e de como a confissão, se tratada com seriedade, com interesse pela pessoa, pode tocar e mudar mais do que a simples militância anti-aborto, anti-casamento homoafetivo etc.
O que o Papa quis dizer é que precisamos entender o que é o CENTRO DA MENSAGEM EVANGÉLICA: é crer que Jesus Cristo é Deus, que Ele vive, que nos ama e nos salva.

Mas se alguém não entende porque vale a pena aderir com todas as forças à grande História da Salvação, porque vai entender qualquer outra coisa? Aliás, fora do anúncio da Salvação, a doutrina vira um conjunto de regras sem razão de existir. Aí, como o próprio Papa diz, o “edifício moral da Igreja corre o risco de cair como um castelo de cartas”.
A prova de que o Papa não relativizou em nada a moral católica é que ele condena os dois extremos: o confessor rígido demais e o confessor “laxista”, ou seja, aquele “lava as mãos dizendo simplesmente ‘isto não é pecado’ ou coisas semelhantes”.
Fiquem todos tranquilos.  Deus sabe muito bem o Papa que nos colocou neste momento, pra suceder o grandioso Bento XVI. Recomendo fortemente a leitura da íntegra da entrevista (veja aqui), que contém direcionamentos pastorais preciosíssimos, que precisamos realmente aprender a seguir.
Só um comentariozinho… aqui no pé do ouvido: Papa Francisco até agora tem sido fantástico, mas a imprensa está deitando e rolando com as frases dele.  Virou praticamente o rei da bola quicando. Qualquer espirro que sai da boca do Papa tem um peso enorme, e ele bem que poderia ser mais cauteloso e preciso em suas falas.
Não podia rolar um media training (treinamento para falar com a mídia)? A imprensa não é tão boazinha quanto acha o nosso Papitcho…
psicose

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Paz e bem!
A Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro agradece a sua colaboração através deste comentário.
Que a graça e a paz de Jesus, nosso Salvador, acompanhem você e sua família sempre!