Na última semana se multiplicaram as manchetes nas TVs e Jornais, repercutindo as declarações do Papa Francisco acerca da união homossexual, aborto e uso de contraceptivos. E olha nóis aqui de novo explicando qual foi a do telefone sem fio…
Estaria o Papa relativizando a doutrina católica? Não!!! Como um bom filho da Igreja, o Papa continua defendendo com vigor a Sã Doutrina.
- Em discurso aos médicos católicos, no dia 20/09/2013, Francisco defendeu a vida das crianças não-nascidas.
- Em 2010, bateu de frente com a presidente Cristina Kirshner por ser contra a adoção de crianças por duplas gays.
- Em maio deste ano, Francisco criticou os casais católicos que optam por ter apenas um filho, em nome de uma vida mais confortável.
Como vemos, temos um Papa… CATÓLICO!
As primeiras páginas dos jornais estampavam: “Em entrevista, Pontífice diz que Igreja está obcecada com aborto, casamento homossexual e contracepção”. Os católicos entraram em negação. Diziam que ele não tinha dito isso e que tudo seria conspiração da mídia contra a Igreja etc. As coisas de sempre. Desta vez, todos os lados estavam certos. Ele disse isso mesmo, porém, tudo foi colocado fora do contexto, para parecer que o Papa estava desautorizando a nossa eterna luta contra a cultura de morte instalada na sociedade. É óbvio que não era isso… muito pelo contrário! Mas que o Papa deixou a bola quicando, deixou…
As matérias que vimos na mídia vieram de uma entrevista que Francisco concedeu a revista jesuíta “Civiltà Cattolica”, na qual fala de muitas coisas interessantes. Entre elas, o trecho a seguir:
Devemos anunciar o Evangelho em todos os caminhos, pregando a boa nova do Reino e curando, também com a nossa pregação, todo o tipo de doença e de ferida. Em Buenos Aires recebia cartas de pessoas homossexuais, que são “feridos sociais”, porque me dizem que sentem como a Igreja sempre os condenou. Mas a Igreja não quer fazer isto. Durante o voo de regresso do Rio de Janeiro disse que se uma pessoa homossexual é de boa vontade e está à procura de Deus, eu não sou ninguém para julgá-la. Dizendo isso, eu disse aquilo que diz o Catecismo. A religião tem o direito de exprimir a própria opinião para serviço das pessoas, mas Deus, na criação, tornou-nos livres: a ingerência espiritual na vida pessoal não é possível. Uma vez uma pessoa, de modo provocatório, perguntou-me se aprovava a homossexualidade. Eu, então, respondi-lhe com uma outra pergunta: “Diz-me: Deus, quando olha para uma pessoa homossexual, aprova a sua existência com afecto ou rejeita-a, condenando-a?” É necessário sempre considerar a pessoa. Aqui entramos no mistério do homem. Na vida, Deus acompanha as pessoas e nós devemos acompanhá-las a partir da sua condição. É preciso acompanhar com misericórdia. Quando isto acontece, o Espírito Santo inspira o sacerdote a dizer a coisa mais apropriada.Esta é também a grandeza da confissão: o facto de avaliar caso a caso e de poder discernir qual é a melhor coisa a fazer por uma pessoa que procura Deus e a sua graça. O confessionário não é uma sala de tortura, mas lugar de misericórdia, no qual o Senhor nos estimula a fazer o melhor que pudermos. Penso também na situação de uma mulher que carregou consigo um matrimónio fracassado, no qual chegou a abortar. Depois esta mulher voltou a casar e agora está serena, com cinco filhos. O aborto pesa-lhe muito e está sinceramente arrependida. Gostaria de avançar na vida cristã. O que faz o confessor?Não podemos insistir somente sobre questões ligadas ao aborto, ao casamento homossexual e uso dos métodos contraceptivos. Isto não é possível. Eu não falei muito destas coisas e censuraram-me por isso. Mas quando se fala disto, é necessário falar num contexto. De resto, o parecer da Igreja é conhecido e eu sou filho da Igreja, mas não é necessário falar disso continuamente.Os ensinamentos, tanto dogmáticos como morais, não são todos equivalentes. Uma pastoral missionária não está obcecada pela transmissão desarticulada de uma multiplicidade de doutrinas a impor insistentemente. O anúncio de carácter missionário concentra-se no essencial, no necessário, que é também aquilo que mais apaixona e atrai, aquilo que faz arder o coração, como aos discípulos de Emaús. Devemos, pois, encontrar um novo equilíbrio; de outro modo, mesmo o edifício moral da Igreja corre o risco de cair como um castelo de cartas, de perder a frescura e o perfume do Evangelho. A proposta evangélica deve ser mais simples, profunda, irradiante. É desta proposta que vêm depois as consequências morais”
Marquei as partes “bombásticas” em vermelho. Este trecho pertence a uma seção da entrevista chamada “Igreja, hospital de campanha?”. Francisco fala sobre atuação pastoral, com foco na misericórdia e ajuda aos mais necessitados. É uma reflexão belíssima sobre o valor do acolhimento e de como a confissão, se tratada com seriedade, com interesse pela pessoa, pode tocar e mudar mais do que a simples militância anti-aborto, anti-casamento homoafetivo etc.
O que o Papa quis dizer é que precisamos entender o que é o CENTRO DA MENSAGEM EVANGÉLICA: é crer que Jesus Cristo é Deus, que Ele vive, que nos ama e nos salva.
Mas se alguém não entende porque vale a pena aderir com todas as forças à grande História da Salvação, porque vai entender qualquer outra coisa? Aliás, fora do anúncio da Salvação, a doutrina vira um conjunto de regras sem razão de existir. Aí, como o próprio Papa diz, o “edifício moral da Igreja corre o risco de cair como um castelo de cartas”.
A prova de que o Papa não relativizou em nada a moral católica é que ele condena os dois extremos: o confessor rígido demais e o confessor “laxista”, ou seja, aquele “lava as mãos dizendo simplesmente ‘isto não é pecado’ ou coisas semelhantes”.
Fiquem todos tranquilos. Deus sabe muito bem o Papa que nos colocou neste momento, pra suceder o grandioso Bento XVI. Recomendo fortemente a leitura da íntegra da entrevista (veja aqui), que contém direcionamentos pastorais preciosíssimos, que precisamos realmente aprender a seguir.
Só um comentariozinho… aqui no pé do ouvido: Papa Francisco até agora tem sido fantástico, mas a imprensa está deitando e rolando com as frases dele. Virou praticamente o rei da bola quicando. Qualquer espirro que sai da boca do Papa tem um peso enorme, e ele bem que poderia ser mais cauteloso e preciso em suas falas.
Não podia rolar um media training (treinamento para falar com a mídia)? A imprensa não é tão boazinha quanto acha o nosso Papitcho…
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