quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Bioética e Pastoral da Saúde



                                                                      
Nesta edição, para retomar a reflexão do tema da Campanha da Fraternidade, a fim de que “a saúde se difunda sobre a terra” (Eclo38,) vou me servir de um texto de autoria do Pe. Léo Pessini, camiliano. Quero dedicar este tema, em especial a todos os profissionais da saúde em Instituições e saúde da Família, embora possa ajudar a todos nós.
  Ir. Marisa Inêz Mosena


Cuidando da dor e sofrimento humanos
A dor e o sofrimento são companheiros da humanidade desde tempos imemoriais. O seu controle e alívio constitui-se, hoje, numa das competências e responsabilidades éticas fundamentais dos profissionais da saúde. Esta ação constitui-se, num indicador fundamental de qualidade de cuidados, bem como de assistência integral do paciente, no âmbito da saúde.
A dor é um sintoma e uma das causas mais frequentes da procura pelos serviços de saúde. Em muitas instituições de saúde humanizadas, a dor é reconhecida como o quinto Sinal Vital integrado na prática clínica. Se a dor for cuidada com o mesmo zelo que os outros sinais vitais (temperatura, pressão arterial, respiração e frequência cardíaca), sem dúvida haveria muito menos sofrimento. Os objetivos da avaliação da dor são identificar a causa e compreender a experiência sensorial, afetiva, comportamental e cognitiva da pessoa, para implementar seu alivio e cuidado.
Hoje, se reconhece que a dor é uma doença. De acordo com a definição da Organização Mundial da Saúde (OMS), a saúde “é um estado de completo bem-estar físico, mental, social e espiritual, e não somente a ausência de doença ou de mal-estar.” É evidente que as condições dolorosas são um estado de mal-estar, portanto o ser humano que sofre de dor não está sadio e pode-se afirmar legitimamente que se está violando seu direito inalienável à saúde. O Artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos reconhece como um dos direitos dos seres humanos “um nível de vida adequado para a saúde e o bem-estar.” Infelizmente, a saúde e o bem-estar nem sempre são uma escolha possível. Ocorre que, em inúmeras situações, muitas pessoas, devido à velhice ou às doenças, sentem dor e sofrem muito no final da vida. A falta de tratamento adequado para a dor é uma das maiores injustiças e uma causa importante de grandes sofrimentos e de desespero.
A premissa filosófica e humanística da proposta de considerar o tratamento da dor como um direito humano fundamental é a busca legítima de reconhecimento explícito, e que se proclame e promova o tratamento da dor por si mesmo á categoria de um dos direitos fundamentais do ser humano. O reconhecimento do tratamento da dor como um Direito Humano incluído no direito à saúde é importante, mas insuficiente.
No âmbito dos cuidados de saúde, ouvimos com frequência pessoas dizendo: “não tenho medo de morrer, mas sim de sofrer e sentir dor.” Ou então outros que dizem que “dói o coração”, “dói a alma”. Pois bem, essas são expressões metafóricas de um grande sofrimento interior. É importante distingamos os conceitos de dor e sofrimento. O corpo sente dor e esta se liga ao sistema nervoso central. Par tratar dessa dor, necessitamos de medicamentos, analgésicos. O sofrimento atinge  a pessoa como um todo. Mais que um problema de técnica farmacológica, constitui-se num desafio ético, perante o qual nosso enfrentamento e cuidado se dão a partir da atribuição e um sentido e valores transcendentes, como demonstrou, com sua própria vida, o Dr. Victor Frankl, sobrevivente de campo de concentração nazista.
Lembramos, ao finalizar esta reflexão, uma preciosa afirmação antropológica da exortação apostólica Salvifici Doloris ao afirmar que: “o sofrimento humano suscita compaixão, inspira também respeito e, a seu modo, intimida. Nele, efetivamente, está contida a grandeza de um mistério específico.” (João Paulo II, p.7).
Continuemos somando forças para sermos profetas no mundo da saúde acompanhando de perto a realidade da saúde em nossos Bairros, em nosso Município para tomar atitudes de mudanças.

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