Nesta edição, para retomar a reflexão do
tema da Campanha da Fraternidade, a fim de que “a saúde se difunda sobre a
terra” (Eclo38,) vou me servir de um texto de autoria do Pe. Léo
Pessini, camiliano. Quero dedicar este tema, em especial a todos os
profissionais da saúde em Instituições e saúde da Família, embora possa ajudar
a todos nós.
Ir.
Marisa Inêz Mosena
Cuidando da dor e sofrimento humanos
A dor e o sofrimento são companheiros da
humanidade desde tempos imemoriais. O seu controle e alívio constitui-se, hoje,
numa das competências e responsabilidades éticas fundamentais dos profissionais
da saúde. Esta ação constitui-se, num indicador fundamental de qualidade de
cuidados, bem como de assistência integral do paciente, no âmbito da saúde.
A dor é um sintoma e uma das causas mais
frequentes da procura pelos serviços de saúde. Em muitas instituições de saúde
humanizadas, a dor é reconhecida como o quinto Sinal Vital integrado na prática
clínica. Se a dor for cuidada com o mesmo zelo que os outros sinais vitais
(temperatura, pressão arterial, respiração e frequência cardíaca), sem dúvida
haveria muito menos sofrimento. Os objetivos da avaliação da dor são
identificar a causa e compreender a experiência sensorial, afetiva,
comportamental e cognitiva da pessoa, para implementar seu alivio e cuidado.
Hoje, se reconhece que a dor é uma
doença. De acordo com a definição da Organização Mundial da Saúde (OMS), a
saúde “é um estado de completo bem-estar físico, mental, social e espiritual,
e não somente a ausência de doença ou de mal-estar.” É evidente que as
condições dolorosas são um estado de mal-estar, portanto o ser humano que sofre
de dor não está sadio e pode-se afirmar legitimamente que se está violando seu
direito inalienável à saúde. O Artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos
reconhece como um dos direitos dos seres humanos “um nível de vida adequado para a
saúde e o bem-estar.” Infelizmente,
a saúde e o bem-estar nem sempre são uma escolha possível. Ocorre que, em
inúmeras situações, muitas pessoas, devido à velhice ou às doenças, sentem dor
e sofrem muito no final da vida. A falta de tratamento adequado para a dor é
uma das maiores injustiças e uma causa importante de grandes sofrimentos e de
desespero.
A premissa filosófica e humanística da
proposta de considerar o tratamento da dor como um direito humano fundamental é
a busca legítima de reconhecimento explícito, e que se proclame e promova o
tratamento da dor por si mesmo á categoria de um dos direitos fundamentais do
ser humano. O reconhecimento do tratamento da dor como um Direito Humano
incluído no direito à saúde é importante, mas insuficiente.
No âmbito dos cuidados de saúde, ouvimos
com frequência pessoas dizendo: “não tenho medo de morrer, mas sim de
sofrer e sentir dor.” Ou então outros que dizem que “dói
o coração”, “dói a alma”. Pois bem, essas são expressões metafóricas de
um grande sofrimento interior. É importante distingamos os conceitos de dor e
sofrimento. O corpo sente dor e esta se liga ao sistema nervoso central. Par
tratar dessa dor, necessitamos de medicamentos, analgésicos. O sofrimento
atinge a pessoa como um todo. Mais que
um problema de técnica farmacológica, constitui-se num desafio ético, perante o
qual nosso enfrentamento e cuidado se dão a partir da atribuição e um sentido e
valores transcendentes, como demonstrou, com sua própria vida, o Dr. Victor
Frankl, sobrevivente de campo de concentração nazista.
Lembramos, ao finalizar esta reflexão,
uma preciosa afirmação antropológica da exortação apostólica Salvifici Doloris
ao afirmar que: “o sofrimento humano suscita compaixão, inspira também respeito e, a
seu modo, intimida. Nele, efetivamente, está contida a grandeza de um mistério
específico.” (João Paulo II, p.7).
Continuemos somando forças para sermos
profetas no mundo da saúde acompanhando de perto a realidade da saúde em nossos
Bairros, em nosso Município para tomar atitudes de mudanças.
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A Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro agradece a sua colaboração através deste comentário.
Que a graça e a paz de Jesus, nosso Salvador, acompanhem você e sua família sempre!